O Senhor se tornou o meu apoio, libertou-me da angústia e me salvou porque me ama. (Sl 17,19s)
ORAÇÃO DO DIA
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e vossa Igreja vos possa servir alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém! (Oração das Horas)
Leituras da Liturgia Eucarística: Is 49,14-15; Sl 61; 1Cor 4,1-5; Mt 6,24-34
EVANGELHO – Mt 6,24-34
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
Por isso eu vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com o vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal, a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa?
Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros? Quem de vós pode prolongar a duração da própria vida, só pelo fato de se preocupar com isso?
E por que ficais preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Porém, eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé?
Portanto, não vos preocupeis, dizendo: ‘O que vamos comer? O que vamos beber? Como vamos nos vestir? Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso.
Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo.
Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia bastam seus próprios problemas”.
REFLEXÃO
“Amados irmãos e irmãs, bom dia!
No centro da liturgia deste domingo encontramos uma das verdades mais confortadoras: a Providência divina. O profeta Isaías apresenta-a com a imagem do amor materno cheio de ternura, e diz assim: «Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti» (49, 15). Como isto é bonito! Deus não se esquece de nós, de cada um de nós! De cada um de nós com nome e sobrenome. Ama-nos e não nos esquece. Que lindo pensamento… Este convite à confiança em Deus encontra um paralelo na página do Evangelho de Mateus: «Olhai para as aves do céu — diz Jesus: não semeiam, nem ceifam, nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai do céu alimenta-as… Observai como crescem os lírios do campo! Não trabalham nem fiam. Pois Eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles» (Mt 6, 26.28-29).
Mas pensando em tantas pessoas que vivem em condições precárias, ou até na miséria que ofende a sua dignidade, estas palavras de Jesus poderiam parecer abstratas, ou até ilusórias. Mas na realidade são atuais como nunca! Recordam-nos que não se pode servir a dois senhores: a Deus e à riqueza. Enquanto cada um procurar acumular para si, nunca haverá justiça. Devemos ouvir bem isto! Enquanto cada um procurar acumular para si, nunca haverá justiça. Se ao contrário, confiando na Providência de Deus, procurarmos juntos o seu Reino, então não faltará a ninguém o necessário para viver dignamente.
Um coração ocupado pela cupidez de possuir é um coração cheio desta cobiça de possuir, mas vazio de Deus. Por isso Jesus admoestou várias vezes os ricos, porque para eles é alto o risco de ancorar a própria segurança nos bens deste mundo, e a segurança, a segurança definitiva, está em Deus. Num coração possuído pelas riquezas, não há lugar para a fé. Se ao contrário se deixa a Deus o lugar que lhe compete, isto é, o primeiro, então o seu amor leva a partilhar também as riquezas, a pô-las ao serviço de projetos de solidariedade e de progresso, como demonstram tantos exemplos, até recentes, na história da Igreja. E assim a Providência de Deus passa através do nosso serviço aos outros, do nosso partilhar com os outros. Se cada um de nós não acumular riquezas só para si mas as puser ao serviço dos outros, neste caso a Providência de Deus torna-se visível neste gesto de solidariedade. Se ao contrário cada um acumular só para si, o que lhe acontecerá quando for chamado por Deus? Não poderá levar as riquezas consigo, porque — sabeis — o sudário não tem bolsos! É melhor partilhar, porque nós só levamos para o Céu aquilo que partilhamos com os outros.
O caminho que Jesus indica pode parecer pouco realista em relação à mentalidade comum e aos problemas da crise económica; mas, se pensarmos bem, reconduz-nos à justa escala de valores. Ele diz: «Porventura não é o corpo mais do que o vestido e a vida mais do que o alimento?» (Mt 6, 25). Para fazer de maneira que a ninguém falte o pão, a água, o vestuário, a casa, o trabalho, a saúde, é preciso que todos nos reconheçamos filhos do Pai que está nos céus e, por conseguinte, irmãos entre nós, e que nos comportemos de modo consequente. Recordei isto na Mensagem para a Paz de 1 de Janeiro: o caminho para a paz é a fraternidade: este andar juntos, partilhar as coisas juntos.
À luz da Palavra de Deus deste domingo, invoquemos a Virgem Maria como Mãe da divina Providência. A ela confiemos a nossa existência, o caminho da Igreja e da humanidade. Em particular, invoquemos a sua intercessão para que todos nos esforcemos por viver com um estilo simples e sóbrio, com o olhar atento às necessidades dos irmãos mais carentes.” (Papa Francisco, Angelus, 02 de março de 2014)