“Batizado o Senhor, os céus se abriram e o Espírito Santo pairou sobre ele sob forma de pomba. E a voz do Pai se fez ouvir: Este é o meu filho muito amado, nele está todo o meu amor!” Mt 3,16s
ORAÇÃO DO DIA
“Deus eterno e todo-poderoso, que, sendo Cristo batizado no Jordão e pairando sobre ele o Espírito Santo, o Declaraste solenemente vosso Filho, concedei aos vossos filhos adotivos, renascidos da água e do Espírito Santo, perseverar constantemente em vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.” Lit. Diária
Leituras da liturgia eucarística: Is 42,1-4.6-7; Sl 28; At 10,34-38; Lc 3,15-16.21-22
EVANGELHO: Lc 3,15-16.21-22
Naquele tempo, o povo estava na expectativa e todos se perguntavam no seu íntimo se João não seria o Messias. Por isso, João declarou a todos: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”.
Quando todo o povo estava sendo batizado, Jesus também recebeu o batismo. E, enquanto rezava, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma visível, como pomba. E do céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer”.
REFLEXÃO
«Com este domingo depois da Epifania termina o Tempo litúrgico do Natal: tempo de luz, a luz de Cristo que, como novo sol que despontou no horizonte da humanidade, dissipa as trevas do mal e da ignorância. Hoje celebramos a festa do Batismo de Jesus: aquele Menino, filho da Virgem, que contemplamos no mistério do seu nascimento, vemo-lo hoje adulto, mergulhar nas águas do rio Jordão e assim santificar todas as águas e o cosmos inteiro — como põe em evidência a tradição oriental. Mas por que motivo Jesus, em quem não havia sombra de pecado, desejou ser batizado por João? Por que quis realizar aquele gesto de penitência e conversão, juntamente com numerosas pessoas que deste modo queriam preparar-se para a vinda do Messias? Aquele gesto — que marca o início da vida pública de Cristo, como testemunham todos os evangelistas — coloca-se na mesma linha da Encarnação, da descida de Deus do mais alto dos céus, até ao abismo da mansão dos mortos. O sentido deste movimento de humilhação divina resume-se com uma única palavra: Amor, que é o nome do próprio Deus. O apóstolo João escreve: “Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele», e enviou-o «para expiar os nossos pecados” (1 Jo 4, 9-10). Eis porque o primeiro gesto público de Jesus consistiu em receber o batismo de João que, ao vê-lo chegar, disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).
O evangelista Lucas narra que enquanto Jesus, depois de ter recebido o batismo, ‘estando ainda a orar, o Céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como uma pomba; e do Céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho muito amado; em ti pus todo o meu enlevo’ ” (3, 21-22). Este Jesus é o Filho de Deus, totalmente imerso na vontade de amor do Pai. Este Jesus é Aquele que morrerá na cruz e ressuscitará pelo poder do mesmo Espírito que agora desce sobre Ele e O consagra. Este Jesus é o homem novo que quer viver como Filho de Deus, ou seja, no amor; o homem que, diante do mal do mundo, escolhe o caminho da humildade e da responsabilidade, não prefere salvar-se a si mesmo, mas oferecer a própria vida pela verdade e pela justiça. Ser cristão significa viver assim, mas este gênero de vida comporta um renascimento: renascer do alto, de Deus, da Graça. Este renascimento é o Batismo, que Cristo concedeu à Igreja a fim de regenerar os homens para uma vida nova. Afirma um antigo texto atribuído a santo Hipólito: “Quem desce com fé neste lavacro de regeneração, renuncia ao demônio e põe-se ao lado de Cristo, renega o inimigo e reconhece que Cristo é Deus, despoja-se da escravidão e reveste-se da adoção filial”» (Discurso sobre a Epifania, 10: p. 10, 862). (Papa Emérito Bento XVI, Angelus, 13 de janeiro de 2013)