Ouvi, Senhor, a voz do meu apelo, tende compaixão de mim e atendei-me; vós sois meu protetor: não me deixeis; não me abandoneis, ó Deus, meu salvador! (Sl 26,7.9)
ORAÇÃO DO DIA
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo e, como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. (LD, ano XXIV, nº 282)
Leituras da liturgia eucarística: Ez 17,22-24; Sl 91; 2Cor 5,6-10; Mc 4,26-34
EVANGELHO: Mc 4,26-34
Naquele tempo, Jesus disse à multidão: “O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na Terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga. Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque o tempo da colheita chegou”.
E Jesus continuou: “Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para representá-lo? O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra. Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra”.
Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. E só lhes falava por meio de parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo.
REFLEXÃO
“Amados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje é formado por duas parábolas muito breves: a da semente que germina e cresce sozinha, e a do grão de mostarda (cf. Mc 4, 26-34). Através destas imagens tiradas do mundo rural, Jesus apresenta a eficácia da Palavra de Deus e as exigências do seu Reino, mostrando as razões da nossa esperança e do nosso compromisso na história.
Na primeira parábola a atenção é dada ao facto de que a semente, lançada na terra, ganha raiz e se desenvolve sozinha, quer o camponês durma quer vigie. Ele tem confiança no poder interno da semente e na fertilidade do terreno. Na linguagem evangélica, a semente é símbolo da Palavra de Deus, cuja fecundidade é recordada por esta parábola. Do mesmo modo como a semente humilde se desenvolve na terra, também a Palavra age com o poder de Deus no coração de quem a ouve. Deus confiou a sua Palavra à nossa terra, ou seja, a cada um de nós com a nossa humanidade concreta. Podemos ser confiantes, porque a Palavra de Deus é palavra criadora, destinada a tornar-se «o grão abundante na espiga» (v. 28). Esta Palavra, se for aceite, certamente dará os seus frutos, porque o próprio Deus a faz germinar e maturar através de veredas que nem sempre podemos verificar e de um modo que nós não sabemos (cf. v. 27). Tudo isto faz compreender que é sempre Deus, é sempre Deus quem faz crescer o seu Reino — por isso rezamos tanto para que «venha a nós o vosso Reino» — é Ele quem o faz crescer, o homem é seu humilde colaborador, que contempla e rejubila pela criadora acção divina e aguarda paciente os seus frutos.
A Palavra de Deus faz crescer, dá vida. E aqui gostaria de vos recordar mais uma vez a importância de ter o Evangelho, a Bíblia, ao alcance — o Evangelho pequeno na bolsa, no bolso — e de nos alimentarmos todos os dias com esta Palavra viva de Deus: ler todos os dias um excerto do Evangelho, um trecho da Bíblia. Nunca vos esqueçais disto, por favor. Porque é esta a força que faz germinar em nós a vida do Reino de Deus.
A segunda parábola utiliza a imagem do grão de mostarda. Apesar de ser a mais pequenina de todas as sementes, está cheia de vida e cresce até se tornar «a planta mais frondosa do horto» (Mc 4, 32). É assim o Reino de Deus: uma realidade humanamente pequena e de aparência irrelevante. Para fazer parte dele é preciso ser pobre de coração; não confiar nas próprias capacidades, mas no poder do amor de Deus; não agir para ser importante aos olhos do mundo, mas precioso aos olhos de Deus, que tem predilecção pelos simples e humildes. Quando vivemos assim, através de nós irrompe a força de Cristo e transforma o que é pequenino e modesto numa realidade que faz fermentar toda a massa do mundo e da história.
Obtemos destas duas parábolas um ensinamento importante: o Reino de Deus requer a nossa colaboração, mas é sobretudoiniciativa e dom do Senhor. A nossa obra frágil, aparentemente pequenina face à complexidade dos problemas do mundo, se for inserida na de Deus não receia as dificuldades. A vitória do Senhor é certa: o seu amor fará germinar e crescer todas as sementes de bem presentes na terra. Isto abre-nos à confiança e à esperança, não obstante os dramas, as injustiças, os sofrimentos que encontramos. A semente do bem e da paz germina e desenvolve-se, porque o amor misericordioso de Deus a faz amadurecer.
A Virgem Santa, que acolheu como «terra fecunda» a semente da Palavra divina, nos ampare nesta esperança que nunca nos desilude.” (Papa Francisco, Angelus, 14 de junho de 2015)