HISTÓRIA
“A aparição de Nossa Senhora das Graças ocorreu no dia 27 de novembro de 1830 a Santa Catarina Labouré, irmã de caridade. A santa encontrava-se em oração na capela do convento, quando a Virgem Santíssima lhe apareceu. Tratava-se de uma Senhora de mediana estatura, o seu rosto tão belo e formoso… Estava de pé, com um vestido de seda, cor de branco-aurora. Cobria-lhe a cabeça um véu azul, que descia até os pés… As mãos estenderam-se para a terra, enchendo-se de anéis cobertos de pedras preciosas…
A Santíssima Virgem disse: ‘Eis o símbolo das graças que derramo sobre todas as pessoas que mas pedem…’.
Formou-se então em volta de Nossa Senhora um quadro oval, em que se liam em letras de ouro estas palavras: ‘Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós’. Nisto voltou-se o quadro e eu vi no reverso a letra M encimada por uma cruz, com um traço na base. Por baixo, os Sagrados Corações de Jesus e de Maria – o de Jesus cercado por uma coroa de espinhos e a arder em chamas, e o de Maria também em chamas e atravessado por uma espada, cercado de doze estrelas. Ao mesmo tempo ouvi distintamente a voz da Senhora a dizer-me: ‘Manda, manda cunhar uma medalha por este modelo. As pessoas que a trouxerem por devoção hão de receber grandes graças.” (LEITE, José, S.J., Santos de cada dia, v. III, Braga, Portugal, Ed. Apostolado da Oração, 1987, p. 346)
APARIÇÕES
Primeira aparição – 19 de julho de 1830 – Ocorreu na noite da festa de São Vicente de Paulo, dia 19 de julho de 1830, quando a Madre Superiora falou às noviças sobre as virtudes do santo fundador da congregação, dando a elas um fragmento de uma sobrepeliz do santo. Ao se deitar, Catarina rezou dizendo ao santo que queria ver a Mãe de Deus. Dormindo, acordou despertada por uma luz muito brilhante, seguida de uma voz infantil a lhe dizer: “Irmã Labouré, vem à capela; Santa Maria te aguarda!”
Mas ela alertou: “Vão nos descobrir!”.
A voz insistiu: “Não te preocupes, já é tarde, todos dormem… Vem! Estou à tua espera!”
Catarina se encorajou. Levantou-se depressa e dirigiu-se à capela, que estava aberta e toda iluminada.
Ajoelhou-se junto ao altar e logo viu a Virgem sentada na cadeira da superiora, rodeada por um esplendor de luz.
A voz continuou: “A santíssima Maria deseja falar-te!”
Catarina adiantou-se e ajoelhou-se aos pés da Virgem, colocando suas mãos sobre seu regaço, e Maria lhe disse: “Deus deseja te encarregar de uma missão. Tu encontrarás oposição, mas não temas, terás a graça de poder fazer todo o necessário. Conta tudo a teu confessor. Os tempos estão difíceis para a França e para o mundo. Vá ao pé do altar. Graças serão derramadas sobre todos, grandes e pequenos, e especialmente sobre os que as buscarem. Terás a proteção de Deus e de São Vicente, e meus olhos estarão sempre sobre ti. Haverá muitas perseguições, a cruz será tratada com desprezo, será derrubada e o sangue correrá!”
Depois de falar por mais algum tempo, a Virgem desapareceu.
Catarina deixou a capela e foi dormir.
Segunda aparição – 27 de novembro 1830 – Catarina continuou sua vida normal no convento.
No final da tarde de 27 de novembro, Catarina dirigiu-se à capela com as outras irmãs para as orações vespertinas.
Olhando para o altar, novamente viu a Virgem sobre um grande globo, segurando um globo menor, onde estava inscrita a palavra “França”.
A Virgem lhe explicou que o globo simbolizava todo o mundo, mas especialmente a França, e os tempos seriam duros para os pobres e para os refugiados das muitas guerras da época.
Em seguida, a visão modificou-se e Maria apareceu com os braços estendidos e dedos ornados por anéis que irradiavam luz. Trata-se da cena principal das aparições.
Na ocasião, Catarina perguntou por que alguns anéis não irradiavam luz e foi-lhe explicado que era pelas graças que não eram pedidas.
Catarina perguntou também como deveria proceder para que a ordem fosse cumprida. A Virgem disse que ela procurasse a ajuda de seu confessor, o padre Jean Marie Aladel.
No começo o padre não queria acreditar no que Catarina lhe contou. Finalmente, depois de dois anos de cuidadosa observação, ele levou o assunto ao conhecimento do arcebispo. O impulso à devoção foi dado no dia 20 de junho de 1832, com a cunhagem de duas mil medalhas. A partir daí, cresce cada vez mais a devoção a “Santa Maria da Medalha Milagrosa”.
Quando em fevereiro de 1832 estourou em Paris uma epidemia de cólera, causando mais de 20.000 mortes, as irmãs Filhas da Caridade começaram a distribuir as primeiras medalhas. A partir daí se multiplicaram os sinais de proteção, conversões, milagres extraordinários. O povo de Paris passou então a chamar a medalha de “milagrosa”.
Irmã Catarina faleceu em 1876.
A Companhia das Filhas da Caridade, fundada em 1633, foi a obra prima criada por São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac. A Companhia, fiel à sua vocação, desenvolveu-se no mundo inteiro. Hoje encontra-se nos cinco continentes, em 91 países, dentre eles os mais pobres. Elas são mais ou menos umas 20.000, espalhadas pelo mundo.
SIMBOLISMO DA MEDALHA MILAGROSA
A serpente: Maria aparece esmagando a cabeça da serpente. A mulher que esmaga a cabeça da serpente, símbolo do demônio, estava anunciada no livro do Gênesis: “Porei inimizade entre ti e a mulher… Ela te esmagará a cabeça e tu procurarás, em vão, morder-lhe o calcanhar”.
Cristo, o “novo Adão”, com Maria, a “co-redentora”, a “nova Eva”, venceria a serpente.
Em Maria se cumpriu a sentença de Deus: A mulher esmagará a cabeça da serpente, libertando o ser humano.
Os raios: Simbolizam as graças que Nossa Senhora derrama sobre seus devotos. Por isso é chamada de “tesoureira de todas as graças!”
As 12 estrelas: Simbolizam as 12 tribos de Israel. “Estrela do Mar” é outro título dado a Nossa Senhora.
Coração cercado de espinhos: Simboliza o Amor de Jesus para com a humanidade. Cristo prometeu a Santa Margarida Maria Alacoque que daria a vida eterna aos devotos de seu coração.
Coração traspassado por uma espada: Simboliza o Imaculado Coração de Maria, sempre unido ao de Jesus. Mesmo nas horas difíceis de sua Paixão e Morte na Cruz, ela lá estava, compartilhando da sua dor, sendo nossa co-redentora.
A letra M: Significa Maria. O M sustenta o travessão e a Cruz, que representam o calvário, indicando ligação íntima de Maria e Jesus na história da salvação.
O travessão e a Cruz: Simbolizam o calvário e sua realização na Eucaristia, ressaltando a importância desta na vida cristã.
ORAÇÃO
Imaculada Virgem, Mãe de Deus e nossa, eu vos contemplo, de braços abertos, derramando graças sobre nós. Cheio de confiança em vossa intercessão, manifestada tantas vezes através do símbolo da ‘Medalha Milagrosa’, venho vos expor minha vida. Sei que não tenho méritos pessoais para receber vossa proteção! Confio, porém, em vossa generosidade e vos manifesto o que vai em meu coração. Ouvi-me, Mãe querida. Protegei-me e aos que me são caros! Fortalecei-me na caminhada para que meus atos sejam sempre um testemunho de fiel discípulo e missionário de Cristo, Jesus, amém. Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por mim que a vós hoje recorro!