4º DOMINGO DA PÁSCOA – ANO A

A terra está repleta do amor de Deus por sua palavra foram feitos os céus, aleluia! Sl 32,5s

 

ORAÇÃO DO DIA

Deus eterno e todo-poderoso, conduzi-nos à  comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. (Oração das Horas)

 

Leituras da Liturgia Eucarística: At 2,14a.36-41; Sl 22; 1Pd 2,20b-25; Jo 10,1-10

 

EVANGELHO: Jo 10,1-10

Naquele tempo, disse Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora. E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha a  sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas não seguem um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”. Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. Então Jesus continuou: “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.

 

REFLEXÃO

“Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O evangelista João apresenta-nos neste quarto domingo do tempo pascal, a imagem de Jesus Bom Pastor. Contemplando esta página do Evangelho, podemos compreender o tipo de relação que Jesus mantinha com os seus discí­pulos: um relacionamento baseado na ternura, no amor, no conhecimento recí­proco e na promessa de um dom incomensurável: «Vim – diz Jesus – para que todos tenham vida e a tenham em abundância» (Jo 10, 10). Este relacionamento é o modelo das relações entre os cristãos e entre os seres humanos.

Também hoje, como no tempo de Jesus, muitos se propõem como «pastores» das nossas existências; mas só o Ressuscitado é o Pastor verdadeiro, que nos dá vida em abundância. Convido todos a ter confiança no Senhor que nos guia. Mas não só: Ele acompanha-nos, caminha conosco. Escutemos a sua Palavra com mente e coração abertos, para alimentar a nossa fé, iluminar a nossa consciência e seguir os ensinamentos do Evangelho.

Neste domingo, rezemos pelos Pastores da Igreja, por todos os bispos, inclusive pelo bispo de Roma, por todos os sacerdotes, por todos! (….) O Senhor nos ajude, a nós pastores, a sermos sempre fiéis ao Mestre e guias sábios e iluminados do povo de Deus que nos foi confiado. Também a vós, por favor, peço que nos ajudeis: a sermos bons pastores. Certa vez li um texto muito bonito sobre o modo como o povo de Deus ajuda os bispos e os sacerdotes a ser bons pastores. É um escrito de São Cesário de Arles, um sacerdote dos primeiros séculos da Igreja. Ele explicava que o povo de Deus deve ajudar o pastor, e dava este exemplo: quando um novilho sente fome, vai ter com a mãe para obter o leite. Contudo, a vaca não o dá imediatamente: parece que o retenha para si. E que faz o novilho? Bate com o nariz no ubre da vaca para que o leite desça. É uma linda imagem! Assim – disse o santo – também vós deveis agir com os pastores: Bater sempre à  sua porta, ao seu coração, para que vos deem o leite da doutrina, da graça e da guia. E peço-vos, por favor, incomodai os pastores, importunai os pastores, todos nós pastores, a fim de que possamos dar-vos o leite da graça, da doutrina e da guia. Importunai! Pensai na bonita imagem do bezerro que importuna a mãe para que lhe dê o alimento.

À imitação de Jesus, cada Pastor «à s vezes irá à  frente para indicar a estrada e apoiar a esperança do povo – o pastor às vezes deve estar na frente – outras vezes permanecerá no meio de todos com a sua proximidade simples e misericordiosa, e nalgumas circunstâncias deve caminhar atrás do povo, para ajudar os que ficaram por último» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 31). Que todos os Pastores sejam assim! Importunai os pastores para que vos deem a guia da doutrina e da graça.

Neste domingo celebra-se o Dia mundial de oração pelas vocações. Na Mensagem deste ano recordei que «cada vocação requer um êxodo de si mesmo para centrar a própria existência em Cristo e no seu Evangelho» (n. 2). Portanto, a chamada a seguir Jesus é entusiasmante e, ao mesmo tempo, comprometida. Para que se realize, é necessário entrar sempre em profunda amizade com o Senhor para poder viver d’Ele e por Ele.

Rezemos para que também neste tempo, muitos jovens ouçam a voz do Senhor, que corre sempre o risco de ser sufocada por tantas outras vozes. Peçamos pelos jovens: talvez aqui nesta praça haja algum que ouve a voz do Senhor que o chama ao sacerdócio; rezemos por ele e por todos os jovens que são chamados.” (Papa Francisco, Angelus, 11 de  maio 2014)

3º DOMINGO DE PÁSCOA – ANO A

Aclamai a Deus, toda a terra, cantai a glória de seu nome, rendei-lhe glória e louvor, aleluia! (Sl 65,1s)

 

ORAÇÃO DO DIA

Ó Deus, que vosso povo sempre exulte pela sua renovação espiritual, para que, tendo recuperado agora com alegria a condição de filhos de Deus, espere com plena confiança o dia da ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

Leituras da liturgia eucarística: At 2,14.22-33; Sl 15; 1Pd 1,17-21; Lc 24,13-35

 

EVANGELHO: Lc 24,13-35

Naquele tempo, Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus.

Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”.

Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”.

Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”. Lançaram pois a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”.

Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu.

Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe.

Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos. Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”

Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse: “Apascenta os meus cordeiros”. E disse de novo a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro disse: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas”. Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?”

Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas.

Em verdade, em verdade te digo: quando eras jovem, tu cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir”. Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus. E acrescentou: “Segue-me”.

 

REFLEXÃO

“Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste domingo, que é o terceiro de Páscoa, é o dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-35). Eram dois discípulos de Jesus, os quais, depois da sua morte e passado o sábado, deixam Jerusalém e voltam, tristes e abatidos, para a aldeia chamada Emaús. Ao longo da estrada Jesus ressuscitado pôs-se ao seu lado, mas eles não o reconheceram. Vendo-os tão tristes, Ele inicialmente ajudou-os a compreender que a paixão e a morte do Messias estavam previstas no desígnio de Deus e prenunciadas nas Sagradas Escrituras; e assim reacendeu uma chama de esperança nos seus corações.

Então, os dois discípulos sentiram uma extraordinária atração por aquele homem misterioso, e convidaram-no a permanecer com eles. Jesus aceitou e entrou na sua casa. E quando, à mesa, abençoou o pão e o partiu, eles reconheceram-no, mas Ele desapareceu diante dos seus olhos, deixando-os cheios de admiração. Depois de terem sido iluminados pela Palavra, reconheceram Jesus ressuscitado na fracção do pão, novo sinal da sua presença. E imediatamente sentiram a necessidade de voltar para Jerusalém, para referir aos outros discípulos a sua experiência, que se tinham encontrado com Jesus vivo e o tinham reconhecido naquele gesto da fracção do pão.

A estrada de Emaús tornou-se símbolo do nosso caminho de fé: as Escrituras e a Eucaristia são os elementos indispensáveis para o encontro com o Senhor. Também nós com frequência chegamos à Missa dominical com as nossas preocupações, dificuldades e desilusões… A vida às vezes fere-nos e voltamos tristes para a nossa «Emaús», voltando as costas ao desígnio de Deus. Afastamo-nos de Deus. Mas a Liturgia da Palavra acolhe-nos: Jesus explica-nos as Escrituras e reacende nos nossos corações o calor da fé e da esperança, e na Comunhão, dá-nos a força. Palavra de Deus, Eucaristia. Ler um trecho do Evangelho todos os dias. Recordai: ler todos os dias um trecho do Evangelho, e aos domingos receber a Comunhão, receber Jesus. Aconteceu assim com os discípulos de Emaús: acolheram a Palavra; partilharam a fracção do pão e de tristes e derrotados que se sentiam, tornaram-se alegres. Queridos irmãos e irmãs, a Palavra de Deus e a Eucaristia enchem-nos de alegria sempre. Recordai! Quando vos sentis tristes, tomai a Palavra de Deus. Quando vos sentis desanimados, tomai a Palavra de Deus e ide à Missa do domingo e comungai, participai do mistério de Jesus. Palavra de Deus, Eucaristia: enchem-nos de alegria.

Pela intercessão de Maria Santíssima, rezemos a fim de que cada cristão, revivendo a experiência dos discípulos de Emaús, especialmente na Missa dominical, redescubra a graça do encontro transformador com o Senhor, com o Senhor ressuscitado, que está sempre conosco. Há sempre uma Palavra de Deus que nos orienta depois das nossas debandadas; e apesar dos nossos cansaços e desilusões há sempre um Pão repartido que nos faz continuar o caminho.” (Papa Francisco, Homilia: 3º Domingo de Páscoa, 04 maio 2014)

27 DE ABRIL DE 2014: CANONIZAÇÃO DOS BEATOS JOÃO XXIII E JOÃO PAULO II

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“Se as chagas de Jesus podem ser de escândalo para a fé, são também a verificação da fé. Por isso, no corpo de Cristo ressuscitado, as chagas não desaparecem, continuam, porque aquelas chagas são o sinal permanente do amor de Deus por nós, sendo indispensáveis para crer em Deus: não para crer que Deus existe, mas sim que Deus é amor, misericórdia, fidelidade. Citando Isaías, São Pedro escreve aos cristãos: «pelas suas chagas, fostes curados» (1 Ped 2, 24; cf. Is 53, 5).

São João XXIII e São João Paulo II tiveram a coragem de contemplar as feridas de Jesus, tocar as suas mãos chagadas e o seu lado trespassado. Não tiveram vergonha da carne de Cristo, não se escandalizaram d’Ele, da sua cruz; não tiveram vergonha da carne do irmão (cf. Is 58, 7), porque em cada pessoa atribulada viam Jesus. Foram dois homens corajosos, cheios da parresia do Espírito Santo, e deram testemunho da bondade de Deus, da sua misericórdia, à Igreja e ao mundo.

Foram sacerdotes, bispos e papas do século XX. Conheceram as suas tragédias, mas não foram vencidos por elas. Mais forte, neles, era Deus; mais forte era a fé em Jesus Cristo, Redentor do homem e Senhor da história; mais forte, neles, era a misericórdia de Deus que se manifesta nestas cinco chagas; mais forte era a proximidade materna de Maria.” (Papa Francisco, Homilia do 2º Domingo da Páscoa ou da Divina Misericórdia, Canonização dos Beatos João XXIII e João Paulo II, 27 De Abril de 2014)