4º DOMINGO DO ADBVENTO – ANO B

 

“Céus, deixai cair o orvalho, nuvens, chovei o justo; abra-se a terra e brote o Salvador! (Is 45,8)

ORAÇÃO DO DIA

Derramai. ó Deus, a vossa graça em nossos corações para que, conhecendo pela mensagem do anjo a encarnação do vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

Leituras da liturgia eucarística: 

Primeira Leitura (2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16)

Leitura do Segundo Livro de Samuel:

1Tendo-se o rei Davi instalado já em sua casa e tendo-lhe o Senhor dado a paz, livrando-o de todos os seus inimigos, 2ele disse ao profeta Natã: “Vê: eu resido num palácio de cedro, e a arca de Deus está alojada numa tenda!” 3Natã respondeu ao rei: “Vai e faze tudo o que diz o teu coração, pois o Senhor está contigo”.

4Mas, nessa mesma noite, a palavra do Senhor foi dirigida a Natã nestes termos: 5“Vai dizer ao meu servo Davi: ‘Assim fala o Senhor: Porventura és tu que me construirás uma casa para eu habitar? 8bFui eu que te tirei do pastoreio, do meio das ovelhas, para que fosses o chefe do meu povo, Israel. 9Estive contigo em toda a parte por onde andaste, e exterminei diante de ti todos os teus inimigos, fazendo o teu nome tão célebre como o dos homens mais famosos da terra.

10Vou preparar um lugar para o meu povo, Israel: eu o implantarei, de modo que possa morar lá sem jamais ser inquietado. Os homens violentos não tornarão a oprimi-lo como outrora, 11no tempo em que eu estabelecia juízes sobre o meu povo, Israel. Concedo-te uma vida tranquila, livrando-te de todos os teus inimigos. E o Senhor te anuncia que te fará uma casa.

12Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza. 14aEu serei para ele um pai e ele será para mim um filho.

16Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre”.

 

Salmo Responsorial (Sl 88)

— Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor!

— Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor!

— Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor,/ de geração em geração eu cantarei vossa verdade!/ Porque dissestes: “O amor é garantido para sempre!”/ E a vossa lealdade é tão firme como os céus.

— “Eu firmei uma Aliança com meu servo, meu eleito,/ e eu fiz um juramento a Davi, meu servidor./ Para sempre, no teu trono, firmarei tua linhagem,/ de geração em geração garantirei o teu reinado!

— Ele, então, me invocará: ‘Ó Senhor, vós sois meu Pai, sois meu Deus,/ sois meu Rochedo onde encontro a salvação!’/ Guardarei eternamente para ele a minha graça/ e com ele firmarei minha Aliança indissolúvel”.

 

Segunda Leitura (Rm 16,25-27)

Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos:

Irmãos: 25Glória seja dada àquele que tem o poder de vos confirmar na fidelidade ao meu evangelho e à pregação de Jesus Cristo, de acordo com a revelação do mistério mantido em sigilo desde sempre. 26Agora este mistério foi manifestado e, mediante as Escrituras proféticas, conforme determinação do Deus eterno, foi levado ao conhecimento de todas as nações, para trazê-las à obediência da fé. 27A ele, o único Deus, o sábio, por meio de Jesus Cristo, a glória, pelos séculos dos séculos. Amém!

 

Anúncio do Evangelho (Lc 1,26-38)

Naquele tempo, 26o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”

29Maria ficou perturbada com essas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?”

35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.

 

REFLEXÃO

“Queridos irmãos e irmãs!

O Evangelho deste quarto Domingo do Advento repropõe-nos a narração da Anunciação (Lc 1, 26-38), o mistério ao qual voltamos todos os dias recitando o Angelus. Esta oração faz-nos reviver o momento decisivo, no qual Deus bateu ao coração de Maria e, tendo recebido o seu “sim” começou a assumir carne nela e dela. A oração da “Coleta” da Missa de hoje é a mesma que se recita no final do Angelus e, em português diz assim:  “Infunde no nosso espírito a tua graça, ó Pai. Tu, que ao anúncio do Anjo nos revelaste a encarnação do teu Filho, pela sua paixão e a sua cruz guia-nos à glória da ressurreição”. Faltam já poucos dias para a festa do Natal, e somos convidados a fixar o olhar sobre o mistério inefável que Maria guardou por nove meses no seu seio virginal:  o mistério de Deus que se fez homem. É este o primeiro fundamento da redenção. O segundo é a morte e ressurreição de Jesus, e estes dois fundamentos inseparáveis manifestam um único desígnio divino:  salvar a humanidade e a sua história assumindo-as até ao fim carregando totalmente todo o mal que o oprime.

Este mistério de salvação, além da histórica, tem uma dimensão cósmica:  Cristo é o sol de graça que, com a sua luz, “transfigura e acende o universo em expectativa” (Liturgia). A própria colocação da festa do Natal está ligada ao solstício de Inverno, quando os dias, no hemisfério boreal, recomeçam a crescer. A este propósito, talvez nem todos saibam que a Praça de São Pedro é também uma meridiana:  de facto, o grande obelisco lança a sua sombra ao longo de uma linha que está no chão até à fonte situada debaixo desta janela, e nestes dias a sombra é a mais longa do ano. Isto recorda-nos a função da astronomia no marcar os tempos da oração. O Angelus, por exemplo, recita-se de manhã, ao meio-dia e à tarde, e com a meridiana, que antigamente servia precisamente para conhecer o “meio-dia verdadeiro”, regulavam-se os relógios.

O facto que precisamente hoje, 21 de Dezembro, nesta mesma hora, verifica-se o solstício de Inverno, oferece-me a oportunidade de saudar todos os que participarão por vários motivos nas iniciativas para o ano mundial da astronomia, 2009, proclamado no 4º centenário das primeiras observações no telescópio de Galileu Galilei. Entre os meus Predecessores de venerada memória houve cultores desta ciência, como Silvestre II, que ensinou, Gregório XIII, ao qual devemos o nosso calendário, e São Pio X, que sabia construir relógios solares. Se os céus, segundo as lindas palavras do salmista, “narram a glória de Deus” (Sl 19 [18], 2), também as leis da natureza, que no decorrer dos séculos tantos homens e mulheres de ciência nos fizeram compreender cada vez melhor, são um grande estímulo para contemplar com gratidão as obras do Senhor.

Voltemos agora com o olhar a Maria e a José, que esperam o nascimento de Jesus, e aprendamos deles o segredo do recolhimento para saborear a alegria do Natal. Preparemo-nos para acolher com fé o Redentor que vem para estar conosco, Palavra de amor de Deus para a humanidade de todos os tempos.” (Papa Bento XVI, IV Domingo de Advento, 21 de Dezembro de 2008)

 

4º DOMINGO DO ADVENTO – ANO B

 

“Céus, deixai cair o orvalho, nuvens, chovei o justo; abrase a terra, e brote o Salvador! Is 45,8

 

ORAÇÃO DO DIA

Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações para que, conhecendo, pela mensagem do anjo, a encarnação do vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. (Oração das Horas)

 

Leituras da Liturgia Eucarística: 2Sm 7,1-5.8-12.14.16; Sl 88; Rm 16,25-27; Lc 1,26-38

 

EVANGELHO: Lc 1,26-38

 

REFLEXÃO

“Amados irmãos e irmãs!

Neste quarto e último domingo de Advento, a liturgia apresenta-nos este ano a narração do anúncio do Anjo a Maria. Contemplando o ícone maravilhoso da Virgem Santa, no momento em que recebe a mensagem divina e dá a sua resposta, somos interiormente iluminados pela luz de verdade que promana, sempre nova, daquele mistério. Em particular, gostaria de meditar brevemente sobre a importância da virgindade de Maria, isto é, do facto que concebeu Jesus permanecendo virgem.

No contexto do acontecimento de Nazaré há a profecia de Isaías: «Olhai: a jovem está grávida e dará um filho, pôr-lhe-á o nome de Emanuel» (Is 7, 14). Esta antiga promessa encontrou cumprimento superabundante na Encarnação do Filho de Deus. Com efeito, não só a Virgem Maria concebeu, mas fê-lo por obra do Espírito Santo, ou seja, do próprio Deus. O ser humano que começa a viver no seu seio assume a carne de Maria, mas a sua existência deriva totalmente de Deus. É plenamente homem, feito de barro — usando um símbolo bíblico — mas vem do alto, do Céu. O facto que Maria conceba permanecendo virgem é portanto essencial para o conhecimento de Jesus e para a nossa fé, porque testemunha que a iniciativa foi de Deus e sobretudo revela quem é o concebido. Como diz o Evangelho: «Por isso mesmo é que o Santo que vai nascer há-de chamar-se Filho e Deus» (Lc 1, 35). Neste sentido, a virgindade de Maria e a divindade de Jesus garantem-se reciprocamente.

Eis por que é tão importante aquela única pergunta que Maria, «muito perturbada», dirige ao Anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem» (Lc 1, 34). Na sua simplicidade, Maria é muito sábia: não duvida do poder de Deus, mas quer compreender melhor a sua vontade, para se conformar de modo completo com ela. Maria é infinitamente superada pelo Mistério, mas ocupa perfeitamente o lugar que, no centro dele, lhe foi atribuído. O seu coração e a sua mente são totalmente humildes e, precisamente pela sua humildade singular, Deus espera o «sim» desta jovem para realizar o seu desígnio. Respeita a sua dignidade e a sua liberdade. O «sim» de Maria implica o conjunto de maternidade e virgindade, e deseja que tudo nela seja para glória de Deus, e o Filho que vai nascer dela possa ser todo dom de graça.

Queridos amigos, a virgindade de Maria é única e irrepetível; mas o seu significado espiritual diz respeito a cada cristão. Ele, em síntese, está relacionado com a fé: de facto, quem confia profundamente no amor de Deus, acolhe em si Jesus, a sua vida divina, pela ação do Espírito Santo. É este o mistério do Natal! Desejo que todos vós o vivais com profunda alegria.” (Papa Bento XVI, Angelus, 18 de dezembro de 2011)